Neles, o público encontra garçom, carta de drinques e vinhos, música ambiente e cardápio elaborado por chef. Mas há ainda a boa e velha água de coco, a brisa fresca e uma vista para o mar que poucos restaurantes, mesmo os localizados na orla, podem oferecer. Assim são alguns dos novos quiosques das praias da cidade, que repaginaram os serviços à beira-mar e agora se apresentam como beach lounge. No mês passado, por exemplo, o Leblon ganhou uma filial do badalado Café de La Musique, famoso pelas festas produzidas em Jurerê Internacional, em Florianópolis. O Hula Hula foi aberto na Barra da Tijuca com a mesma proposta. Os frequentadores, que têm aprovado essa onda cheia de bossa, com a cara do verão carioca, ainda terão mais surpresas até fim da estação. Conforme publicado na Coluna Gente Boa, o Fasano também terá um espaço próprio no calçadão de Ipanema, bem em frente ao hotel.
NOVA EXPERIÊNCIA NA PRAIA
Apesar do nome meio metido, para uma atração que fica numa das áreas de lazer mais democráticas da cidade, quem investe num beach lounge jura que esse novo modelo de quiosque veio para facilitar a vida dos frequentadores, com comida de qualidade, num espaço confortável e, dependendo da hora do dia, com direito a DJ e música ao vivo. No caso dos hóspedes do Fasano que forem ao Marea – nome provisório do espaço -, a comodidade será ainda maior, como explica um dos sócios do empreendimento, Rogério Fasano.
– O quiosque será aberto a todos, mas teremos um cuidado especial com nossos hóspedes, que muitas vezes ficam só dentro do hotel, na piscina, por ser mais prático. Queremos criar uma experiência de praia para eles, que não terão de levar nem a carteira para a areia – diz o empresário, que espera abrir o espaço até o carnaval. – O nome Marea já está registrado, gosto muito dele, mas ainda estamos analisando. O cardápio está sendo elaborado pelo chef do Fasano Al Mare, Paolo Lavezzini.
PERFIL MUDOU HÁ DOIS ANOS
Além da arquitetura e da decoração bem diferentes do modelo tradicional, os novos quiosques prezam pela comida que vendem. No Café de La Musique, por exemplo, no Posto 12, só há uma fritura no cardápio (porção de croquete), para evitar o cheiro de gordura. O carro-chefe é o ceviche, clássico peruano, feito com milho crocante e batata-doce (R$ 52). O quitute, diga-se de passagem, está sendo servido em várias versões ao longo da orla.
– Ceviche tem cara de praia, frescor. O carioca está aceitando muito bem essas mudanças na orla, que precisa oferecer mais que água de coco e Biscoito Globo. O beach lounge é para a pessoa frequentar a qualquer hora do dia – diz Nicola Giorgio, sócio do quiosque, que também serve café da manhã. – As praias no Brasil são democráticas. O cliente pode chegar aqui e beber uma água, sentar para apreciar a vista.
Para os mais animados, o Café de La Musique tem DJ nas noites de sexta-feira, até meianoite, e a programação musical deve ser ampliada, com apresentações de jazz. No local, não dá para promover festanças como em Jurerê, mas, no réveillon, teve evento para cerca de 80 pessoas. A assistente social Luzia Gomes, que frequenta o espaço, diz que as mudanças na orla foram bem-vindas:
– O ambiente, a música, a vista. Tudo vale a pena.
A mudança no perfil dos quiosques começou há aproximadamente dois anos, após mudanças nas normas da prefeitura. Roberto del Negro, operador do Pesqueirinho, no Recreio, conta que essa flexibilização permitiu a instalação, por exemplo, de divisórias transparentes que não afetam a paisagem e impedem a passagem de vento:
– Nos fins de semana de sol é preciso fazer reserva. Tenho 38 funcionários, mas devo chegar a 50 neste verão.
Há algumas semanas, a apresentadora Adriane Galisteu esteve no Pesqueirinho com o marido e o filho, fez foto e postou em sua rede social. Ela estava num dos lounges instalados na areia, com decoração em azul e branco. Já a consultora Natalia de Oliveira escolheu o lugar, mês passado, para a confraternização de fim de ano com amigos:
– A orla do Rio tem que ser uma opção para as pessoas curtirem, além da praia. Antes ficávamos presos a shoppings e restaurantes para comer e beber.
No Pesqueirinho, uma porção de minipastéis custa R$ 35, e o mignon aperitivo com molho de gorgonzola e dijon, com torradas, sai por R$ 68, por exemplo. Para beber, drinques à base de gim, a partir de R$ 25.
– Temos DJ às quartas, e, no alto verão, será a atração todas as noites. Mas não é boate. Temos um ambiente familiar – garante Roberto.
Caçula na orla, o Hula Hula, na altura do condomínio Golden Green, aposta na culinária havaiana, além de petiscos tradicionais. Seu carro-chefe é o poke, feito com arroz gohan e frutos do mar (de R$ 26 e R$ 29).
– Temos um pequeno restaurante à beira-mar. Frequento quiosques e sentia falta desse tipo de serviço – conta Rafael Lima, um dos sócios do Hula Hula.
REFEIÇÃO AO AR LIVRE
Dono do Inka, inaugurado em novembro na altura da Rua Figueiredo de Magalhães, em Copacabana, Miguel Mollinedo levou a culinária de seu país para a orla, com um cardápio peruano. Ele, que mora no Rio há 11 anos, diz que já teve a experiência de ser turista na cidade e, por isso, quis investir num quiosque:
– A ideia é levantar a qualidade da comida servida na praia. Tem que ter japoneses, indianos. Ninguém precisa sair da orla e entrar num ambiente com ar-condicionado. Aqui já temos ar puro – afirma Miguel, que serve, entre outros pratos, o tradicional ceviche peruano (R$ 40). – Em geral, o leite de tigre, um concentrado feito com a cabeça do peixe, considerado afrodisíaco, é servido separadamente. O nosso é preparado junto.
O Gávea Beach Club, que já tem unidades em São Conrado e na Barra, em breve terá filial no Leme. Iolanda Rugiero, operadora dos espaços com o irmão Maurizio, diz que a cozinha italoespanhola será a atração do local.
– Gosto de comer bem e quero o mesmo para o meu cliente – promete a empresária.
Fonte: O Globo, Ediane Merola